Ao passar tempos analisando complexas situações matemáticas e raciocínios cabíveis, o auge de sua concentração desmorona. Ela precisava abastecer-se. Sentada em uma cadeira confortável com pilhas e pilhas de papeis a sua frente, ela empurra o seu mundo de cálculos pra trás e levanta-se, dirige-se à porta, abre-a e sai. A sua frente se encontrava um corredor comprido e escuro, pelo qual teria que passar para chegar ao seu destino. Ao passar pelo longo trecho, olhares são lançados em todas as direções ao seu redor e o medo é seu companheiro forte. Chegando lá, depara-se com uma porteira de grades cinzas contornadas com pedaços grandes de bambu, então procura ligeiramente a fechadura por entre as plantas do jardim deserto que cercavam o portão, ela encontra. Mais a frente havia uma porta, branca e comprida, repleta de placas de vidro transparente organizadas paralela e simetricamente, uma em cima da outra, ela empurra com força a velha porta que continha pedaços de ferrugem entre as dobradiças. Num espaço distante, ouviam-se cães uivando e latindo, a porta estremece e com um rangido forte, abre-se devagar, ela entra. Encontrara naquele ambiente limpo de lindos azulejos azuis, em cima de uma mesa de madeira aparentemente velha, um muffin de nozes com uma cobertura cheirosa de chocolate branco, ao qual comera com toda a sua vontade e satisfação, em um armário suspenso na parede, ela encontra copos coloridos com frutas e bichinhos que a lembravam da sua infância, em um bebedouro de água mineral ela enche o copo. De estômago vazio, ela sente a água pura passando pelo seu corpo, como se a lavasse por dentro, ela bebe até a ultima gota que o copo contém. Após a ingestão, sente-se cansada e com um grande interesse de deitar-se no sofá que havia a alguns metros dali. Então, ela se direciona para ele, a sua direita havia um comprido abajur de ferro com aspecto antigo, ela perseguiu o fio para ver onde ele ia parar e então, ligá-lo. Ao abaixar-se e apertar o botão, ela aguarda o movimento constante e instável da lâmpada, alguns segundos se passam, e a lâmpada se desliga, a escuridão paira no aposento. Ao olhar para o teto alto da casa, ela vê uma janela muito pequena, quadrada e composta por quatro vidros com madeiras que desenhavam-se em cruz para segurá-los, a luz da lua passava pelos vidros e refletia perpendicularmente na maçaneta cromada de uma porta grande e pesada, em meio ao breu, a única coisa luminosa que se encontrava era o reflexo da luz na maçaneta. Agoniada para sair dali, ela se desloca na direção da luz, ao abrir a porta sente uma brisa levantar seus cabelos, ela esfrega os olhos tentando recuperar a visão e se depara com um ambiente ao ar livre, onde um fluxo intenso de ar gelado corre de um lado para o outro. Desanimada, por não poder fazer o que pretendia, ela se vê sem nenhuma opção a não ser voltar para o mundo dos cálculos, quando de repente, uma idéia surge. Naquela passagem, onde o vento era intenso e colava a sua roupa ao seu corpo alinhando suas formas corporais, ela decidiu qual seria o próximo rumo daquela noite silenciosa. Com passos fortes e rápidos, ela se propôs a atravessar o enorme jardim que havia a sua frente, com muitas árvores e plantas grandes, havia muito verde, as coisas se camuflavam umas na outras, com medo ela andava cada vez mais depressa, olhava para traz com o pressentimento de que algo a perseguia ou a analisava. No meio do imenso jardim verde havia uma pequena cabana composta apenas de duas paredes de tijolos e o resto eram portas reguláveis de vidro, ela entra correndo com medo e frio. Com o livro que levava debaixo do braço ela senta-se no chão e encosta-se em grandes almofadas marrons sob um tapete felpudo, olhava para fora com a impressão de que alguém a estava vigiando, mas nada via além de sua própria imagem refletida, então ela tenta fazer barulho para focalizar a sua atenção em outra coisa, começa a ler em voz alta e termina por adormecer ali mesmo. Horas depois o dia amanhece, e ela desperta de um sono profundo com o canto dos passarinhos. Ao longe, vozes distantes chamavam incessantemente pelo seu nome:
- Sophia! Sophia!
A menina se espreguiça para voltar ao seu estado normal, zonza ela dá um sorriso sem saber o porque dos gritos, mas feliz por ter acordado do seu pesadelo e saber que a silenciosa madrugada da qual tivera passado horas acordada, havia realmente acabado. E as sombras que a perseguiam perderam-se nos raios do lindo sol que havia renascido naquela manhã.
- Sophia! Sophia!
A menina se espreguiça para voltar ao seu estado normal, zonza ela dá um sorriso sem saber o porque dos gritos, mas feliz por ter acordado do seu pesadelo e saber que a silenciosa madrugada da qual tivera passado horas acordada, havia realmente acabado. E as sombras que a perseguiam perderam-se nos raios do lindo sol que havia renascido naquela manhã.