sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

A escuridão dos passos de Sophia


Ao passar tempos analisando complexas situações matemáticas e raciocínios cabíveis, o auge de sua concentração desmorona. Ela precisava abastecer-se. Sentada em uma cadeira confortável com pilhas e pilhas de papeis a sua frente, ela empurra o seu mundo de cálculos pra trás e levanta-se, dirige-se à porta, abre-a e sai. A sua frente se encontrava um corredor comprido e escuro, pelo qual teria que passar para chegar ao seu destino. Ao passar pelo longo trecho, olhares são lançados em todas as direções ao seu redor e o medo é seu companheiro forte. Chegando lá, depara-se com uma porteira de grades cinzas contornadas com pedaços grandes de bambu, então procura ligeiramente a fechadura por entre as plantas do jardim deserto que cercavam o portão, ela encontra. Mais a frente havia uma porta, branca e comprida, repleta de placas de vidro transparente organizadas paralela e simetricamente, uma em cima da outra, ela empurra com força a velha porta que continha pedaços de ferrugem entre as dobradiças. Num espaço distante, ouviam-se cães uivando e latindo, a porta estremece e com um rangido forte, abre-se devagar, ela entra. Encontrara naquele ambiente limpo de lindos azulejos azuis, em cima de uma mesa de madeira aparentemente velha, um muffin de nozes com uma cobertura cheirosa de chocolate branco, ao qual comera com toda a sua vontade e satisfação, em um armário suspenso na parede, ela encontra copos coloridos com frutas e bichinhos que a lembravam da sua infância, em um bebedouro de água mineral ela enche o copo. De estômago vazio, ela sente a água pura passando pelo seu corpo, como se a lavasse por dentro, ela bebe até a ultima gota que o copo contém. Após a ingestão, sente-se cansada e com um grande interesse de deitar-se no sofá que havia a alguns metros dali. Então, ela se direciona para ele, a sua direita havia um comprido abajur de ferro com aspecto antigo, ela perseguiu o fio para ver onde ele ia parar e então, ligá-lo. Ao abaixar-se e apertar o botão, ela aguarda o movimento constante e instável da lâmpada, alguns segundos se passam, e a lâmpada se desliga, a escuridão paira no aposento. Ao olhar para o teto alto da casa, ela vê uma janela muito pequena, quadrada e composta por quatro vidros com madeiras que desenhavam-se em cruz para segurá-los, a luz da lua passava pelos vidros e refletia perpendicularmente na maçaneta cromada de uma porta grande e pesada, em meio ao breu, a única coisa luminosa que se encontrava era o reflexo da luz na maçaneta. Agoniada para sair dali, ela se desloca na direção da luz, ao abrir a porta sente uma brisa levantar seus cabelos, ela esfrega os olhos tentando recuperar a visão e se depara com um ambiente ao ar livre, onde um fluxo intenso de ar gelado corre de um lado para o outro. Desanimada, por não poder fazer o que pretendia, ela se vê sem nenhuma opção a não ser voltar para o mundo dos cálculos, quando de repente, uma idéia surge. Naquela passagem, onde o vento era intenso e colava a sua roupa ao seu corpo alinhando suas formas corporais, ela decidiu qual seria o próximo rumo daquela noite silenciosa. Com passos fortes e rápidos, ela se propôs a atravessar o enorme jardim que havia a sua frente, com muitas árvores e plantas grandes, havia muito verde, as coisas se camuflavam umas na outras, com medo ela andava cada vez mais depressa, olhava para traz com o pressentimento de que algo a perseguia ou a analisava. No meio do imenso jardim verde havia uma pequena cabana composta apenas de duas paredes de tijolos e o resto eram portas reguláveis de vidro, ela entra correndo com medo e frio. Com o livro que levava debaixo do braço ela senta-se no chão e encosta-se em grandes almofadas marrons sob um tapete felpudo, olhava para fora com a impressão de que alguém a estava vigiando, mas nada via além de sua própria imagem refletida, então ela tenta fazer barulho para focalizar a sua atenção em outra coisa, começa a ler em voz alta e termina por adormecer ali mesmo. Horas depois o dia amanhece, e ela desperta de um sono profundo com o canto dos passarinhos. Ao longe, vozes distantes chamavam incessantemente pelo seu nome:
- Sophia! Sophia!
A menina se espreguiça para voltar ao seu estado normal, zonza ela dá um sorriso sem saber o porque dos gritos, mas feliz por ter acordado do seu pesadelo e saber que a silenciosa madrugada da qual tivera passado horas acordada, havia realmente acabado. E as sombras que a perseguiam perderam-se nos raios do lindo sol que havia renascido naquela manhã.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Onde estão as minhas amigas sensações?




Tenho uma necessidade especial de coisas novas, novas experiências, novas sensações.

sensações de conforto, de felicidade, de paz, de pureza, de ansiedade, de conquista verdadeira, de fazer alguém feliz, de me sentir completa, de me sentir bem, de fazer coisas que nunca fiz, de ir a lugares que nunca fui, de experimentar, um novo restaurante, uma nova moda, uma nova dança, uma nova cultura, necessidade de juntar os pedaços do meu eu perdidos por ai e criar. Novas pessoas, novos assuntos, novas risadas, mas ao mesmo tempo me resta a saudade daqueles que fazem parte de mim e que a convivência não tem sido mais a mesma, sensações que não importam com quem sejam vividas, quero apenas senti-las.

quero um fim de tarde na praia com meu amor, com meus amigos novos ou meus amigos velhos de coração, quero a intensidade de cada um desses momentos, quero cada vez maior, cada vez melhor. Quero me sentir surpreendida e ao mesmo tempo fascinada, amada e ao mesmo tempo respeitada, sentir a realização sincera de alguém quando algo lhe é feito por nós, quero sentir prazer em viver as pequenas e grandes coisas. Quero a sensação desse tempo bom pra sempre comigo até que os meus dias de 'querer' deixem de existir. Quero que essa 'amizade' seja constantemente mutante.
Com licença?


Estou de saída.

Estou ocupada com pensamentos e planejamentos

Estou arrumando as minhas malas pra ir embora

E vou embora.

Vou pra bem longe daqui

Onde os meus gritos se percam no espaço ecoando entre o verde da paisagem

Onde os pássaros cantarolam canções sincronizadas em formação de um sintonia inexplicável

Onde eu me perca e me descubra todos os dias

Vou sair desse mundo de coisas banais

Vou arrumar a minha vida

Vou começar do zero, sem nenhum precedente para haver comparações

Vou mudar completamente, mas sempre mantendo a nobreza de ser quem sou

Vou me esforçar e fazer acontecer

Vou me direcionar ao lançamento

Vou ligar o relógio que conta horas regressivamente para o tão esperado dia

E o dia em que eu voltar as coisas vão mudar

Os fogos vão explodir, sorrisos vão brotar, e dessa vez...

Meus gritos serão de felicidade e ecoaram

Entre os milhões de rostos sorridentes ou lacrimejantes

Daqueles que não estiveram literalmente 'de saída'.


Não,

Não precisa guardar não!


- Ai como eu queria...

- Calma minha menina, o que é teu está guardado!

- Guardado?! por que?! me dá agora, eu quero agora porque o momento é agora.


Eu quero viver agora, sentir agora, ver e ouvir agora, eu quero estar, mas agora.

Eu quero tudo e quero agora.

Cade você que nunca vem? que não aparece?

Que me deixa ansiosa e tristonha pela sua ausência até então suportável

Cade você que me deixa com saudades sem nem saber o porquê

Cade você que não está aqui comigo nesta hora vazia

Cade o que é meu? porque está guardado?

Não aguento mais a organização cotidiana de meus pensamentos

Saia de onde estiver, venha de onde estiver

Bagunçe tudo, faço chover, faça sorrir, faça viver

Faça encantar, apaixonar e novamente esperar

Mas desta vez, por algo um pouco menor que a espera de te ter.