sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Vygotsky e a memória


A principal temática de Vigotsky visa a literatura como prática discursiva e explora relações entre linguagem, memória e história, tentando focalizar o movimento intertextual que acontece na leitura de poesias para crianças.

Segundo o pensador crianças com dificuldades de linguagem podem ser trabalhadas em grupo, por meio da literatura infantil veiculada com a narrativa oral. Este trabalho fundamenta-se na linha histórico-cultural dele (Vygotsky 1987/1988), segundo a qual a linguagem é uma construção sócio-histórico-cultural. Conclui-se que o comprometimento de linguagem pode ser corrigido de forma relativamente fácil e rápida se forem criadas necessidades objetivas para seu desenvolvimento e se instrumentos adequados forem disponibilizados.

A relação entre a memória humana e o processo de significação é enfatizada pelo pensador dentro de um conjunto de análises sobre a manifestação de outras funções mentais complexas, como a atenção voluntária e o pensamento racional. O estudo da memória está, então, inserido numa questão maior compartilhada pelos autores da perspectiva histórico-cultural: a gênese da consciência. Com base em experimentos com crianças de diversas idades e adultos, Vygotsky enfoca a relação entre os signos e o ato de lembrar, o caráter mediado da recordação e da memorização humana. Partindo desse ponto de vista, se questiona a visão da memória como capacidade mental pré-existente, formada na dinâmica das interações sociais, como produto do desenvolvimento histórico-cultural. As relações entre diversas pessoas possibilitam o (auto)controle do comportamento (principal traço especificamente humano para Vygotsky) e a memória se manifesta como atividade voluntária.

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